Cirurgia do Diabetes

Cirurgia do Diabetes

DIABETES E A PROVÁVEL CURA CIRÚRGICA!

As pessoas obesas desenvolvem uma resistência à insulina, que regula os níveis de açúcar no sangue. No decorrer do tempo, o alto teor de açúcar no sangue resultante, pode causar sérios danos ao organismo.

Sinais e Sintomas de Diabetes

Pessoas com níveis altos ou mal controlados de glicose no sangue podem apresentar:

  • Muita sede;
  • Vontade de urinar diversas vezes;
  • Perda de peso (mesmo sentindo mais fome e comendo mais do que o habitual);
  • Fome exagerada;
  • Visão embaçada;
  • Infecções repetidas na pele ou mucosas;
  • Machucados que demoram a cicatrizar;
  • Fadiga (cansaço inexplicável);
  • Dores nas pernas por causa da má circulação.

Em alguns casos não há sintomas. Isto ocorre com maior freqüência no diabetes tipo 2. Neste caso, a pessoa pode passar muitos meses, às vezes anos, para descobrir a doença. Os sintomas muitas vezes são vagos, como formigamento nas mãos e pés. Portanto, é importante pesquisar diabetes em todas as pessoas com mais de 40 anos de idade, principalmente se forem obesas.

O diabetes tipo 1 aparece como resultado de uma destruição das células beta produtoras de insulina por engano, pois o organismo acha que são corpos estranhos. Isso é chamado de resposta auto-imune. Este tipo de reação também ocorre em outras doenças, como esclerose múltipla, Lupus e doenças da tireóide.

Os pesquisadores não sabem exatamente por que isso acontece. No diabetes, porém, encontram-se vários fatores que parecem estar ligados ao diabetes tipo 1. Entre eles incluem-se a genética, os auto-anticorpos, os vírus, o leite de vaca e os radicais livres do oxigênio.

Sabe-se que o diabetes do tipo 2 possui um fator hereditário maior que no tipo 1. Além disso, há uma grande relação com a obesidade e o sedentarismo. Estima-se que 60% a 90% dos portadores da doença sejam obesos. A incidência é maior após os 40 anos.

Uma de suas peculiaridades é a contínua produção de insulina pelo pâncreas. O problema está na incapacidade de absorção das células musculares e adiposas. Por muitas razões suas células não conseguem metabolizar a glicose suficiente da corrente sangüínea. Esta é uma anomalia chamada de “resistência insulínica”.

O diabetes tipo 2 é cerca de 8 a 10 vezes mais comum que o tipo 1 e pode responder ao tratamento com dieta e exercício físico. Outras vezes vai necessitar de medicamentos orais e, por fim, a combinação destes com a insulina.

Principais Sintomas de Diabetes Tipo 2:

  • Infecções freqüentes;
  • Alteração visual (visão embaçada);
  • Dificuldade na cicatrização de feridas;
  • Formigamento nos pés;
  • Furunculose.

Diferentemente do diabetes tipo 1, neste caso o diabético produz insulina, só que ela não é totalmente aproveitada pelo organismo, ocasionando o aumento elevado da glicose no sangue.

Entre as complicações que essa doença pode provocar estão:

  • Cegueira;
  • Infarto do miocárdio;
  • Gangrena;
  • Impotência sexual;
  • Hipertensão arterial;
  • Problemas cardiovasculares;
  • Derrame cerebral;
  • entre outros.

Atinge, em sua maioria pessoas:

  • Com mais de 40 anos;
  • Obesas;
  • E que tenham parentes de primeiro grau diabéticos.
  • Pode matar se não for tratado.

Os sintomas do diabetes tipo 2 às vezes demoram a aparecer, por isso a importância de se realizar os exames de rotina para um diagnóstico precoce: “quanto mais cedo for descoberta, mais eficaz é o tratamento”.

As pesquisas mais recentes mostram que o diabetes é uma doença muito mais complexa do que se imaginava. Além do pâncreas, outros órgãos estão envolvidos no controle das taxas de glicose no sangue.

Pâncreas

Até há pouco, acreditava-se que apenas a insulina, produzida no pâncreas, controlasse os níveis de glicose no sangue. A deficiência na produção ou na ação desse hormônio leva a um aumento exagerado da glicemia. Já se sabe que amilina, enterostatina, glucagon e PP, hormônios produzidos no pâncreas, estão também associados ao controle da glicemia.

Fígado

O organismo estoca glicose sob a forma de glicogênio, armazenado no fígado. Quando há uma queda nos níveis de açúcar no sangue, o pâncreas produz um hormônio que avisa ao fígado que quebre o glicogênio e libere mais glicose, corrigindo a queda.

Tecido Adiposo

Além da leptina, o hormônio da saciedade, descobriu-se que as células adiposas produzem mais outros dois hormônios: a resistina e a adiponectina. O primeiro exerce ação oposta à da insulina. Já a adiponectina facilita a ação da insulina, reduzindo o risco de diabetes. Em obesos, a produção de resistina aumenta e a de adiponectina cai.

Intestino Delgado

Os hormônios mais estudados são o GLP-1 e o PYY. Eles têm ação no cérebro, aumentando a sensação de saciedade e diminuindo o apetite. Durante o processo de absorção dos nutrientes, essas substâncias sinalizam ao pâncreas para produzir mais insulina, antecipando o aumento das taxas de açúcar no sangue depois da digestão.

Músculos

Os ácidos graxos produzidos em excesso pelas células gordurosas são utilizados pelos músculos como fonte de energia. Dessa forma, sobra glicose na corrente sanguínea.

Ossos

Até o esqueleto parece influenciar a forma como o organismo regula a produção de insulina e controla as taxas de açúcar no sangue. Recentemente pesquisadores da Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos, descobriram que a osteocalcina, um hormônio produzido pelos ossos, estimula a produção de insulina. Além disso, manda sinais às células de gordura para que aumentem sua sensibilidade ao hormônio.

Hormônios Gastrointestinais com Atividade de Incretina

GIP (Polipeptídeo Inibidor Gástrico)

Os dados disponíveis até o momento demonstram que o polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GPI) é o principal hormônio gastrointestinal com atividade de “incretina” (fator humoral, presente no trato gastro-intestinal, que potencia a liberação de insulina induzida pela glicose). Devido a sua ação fisiológica como enterogastroma, após ter sido isolado e caracterizado foi denominado polipeptídeo inibidor gástrico (GIP). Posteriormente, por sua ação insulinotrópica passou a ser chamado de polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP). A liberação do GIP é mediada pelo processo de absorção de nutrientes e pela insulina circulante. Tais mecanismos, juntamente com a dependência de glicose constituem importantes meios de se evitar a hipogliciemia decorrente da potente ação insulinotrópica desse hormônio. A participação do GIP na etiologia de determinadas patologias gastrointestinais é, geralmente, de caráter secundário. Entretanto, a liberação anormal do GIP é responsável por parte da sintomatologia de diversos quadros patológicos.

GLP-1 (Glucagon-like peptide-1)

O GLP-1 é um hormônio produzido no intestino, na presença de alimentos. Entre outras funções, o GLP-1 estimula a produção e a secreção do hormônio insulina pelo pâncreas. Nos pacientes diabéticos tipo 2 , a atividade do GLP-1 é insatisfatória, o que reduz as taxas de insulina e aumenta as de açúcar no sangue – as duas principais características do diabetes.

Hormônios do Aparelho Digestivo

Como funcionam os hormônios do aparelho digestivo no organismo sadio e no do diabético.

Na Pessoa Sadia:

  1. Durante a digestão, quando o alimento chega ao duodeno, ocorre a liberação de um hormônio da família das incretinas, o GIP.
  2. Ao passar pelo íleo, o alimento deflagra a produção de outra incretina, o GLP-1.
  3. Os hormônios GIP e GLP-1 estimulam o pâncreas a produzir insulina.
  4. Ao cair na corrente sanguínea, a insulina se liga às moléculas de glicose. Obtida a partir dos alimentos, a glicose é o principal combustível dos mais de 100 trilhões de células do organismo.
  5. Como uma espécie de chave, a insulina abre a porta das células para a entrada da glicose.

No Diabético:

  1. O alimento chega ao duodeno e ativa a produção do hormônio GIP. A doença, porém, compromete sua ação, e o hormônio não consegue estimular o pâncreas a secretar insulina.
  2. O íleo produz uma quantidade ínfima do hormônio GLP-1. Um diabético sintetiza, em média, um décimo do volume de GLP-1 produzido por uma pessoa sem a doença.
  3. Sem os estímulos das incretinas GIP e GLP-1, o pâncreas tem dificuldade para sintetizar insulina.
  4. Com pouca insulina na circulação sanguínea, nem toda a glicose proveniente da digestão pode ser transportada para dentro das células.
  5. O acúmulo de glicose no sangue caracteriza o diabetes.

Como a Cirurgia Metabólica ou Cirurgia do Diabetes pode ajudar a regular os hormônios do aparelho digestivo?

A Cirurgia de Exclusão do Duodeno:

Para entender exatamente como funciona a Cirurgia do Diabetes, é preciso relembrar as aulas de biologia na escola. O intestino delgado é dividido em três regiões – duodeno, jejuno e íleo. Durante a digestão, depois de passar pelo estômago, o alimento chega à primeira porção do intestino delgado, o duodeno. Nesse momento, moléculas de GIP saem do duodeno e dirigem-se ao pâncreas, para estimular a secreção de insulina. Quando o alimento chega ao íleo, moléculas de GLP-1 são imediatamente despachadas para o pâncreas, onde potencializam a síntese de insulina. A técnica cirúrgica que será usada facilitará a ação das incretinas, encurtando o período de digestão dos alimentos.

O duodeno e 40% do jejuno são desviados para a porção inferior do intestino delgado. Com isso, o alimento chega rapidamente e menos degradado ao íleo, o que aumenta a produção de GLP-1 e melhora a função do GIP.

Com 6,5 metros de comprimento e 4 centímetros de diâmetro, cheio de dobras e reentrâncias, o intestino delgado, além de promover a digestão e a absorção dos alimentos, funciona como uma espécie de fábrica de incretinas, a família de hormônios capaz de potencializar a secreção de insulina. Elas ajudam a baixar as taxas de glicose no sangue, sobretudo depois das refeições, quando esses níveis tendem a explodir. A descoberta do papel crucial das incretinas GIP e GLP-1 no controle do diabetes tipo 2 data dos anos 90. Nos diabéticos, a quantidade de GIP é normal e, não raro, apresenta-se até aumentada. Sozinha, porém, ela não consegue estimular o pâncreas a produzir insulina. Já em relação à GLP-1, o diabético padece de sua falta. Um doente tende a produzir um décimo do volume de GLP-1 secretado por uma pessoa sadia. A cirurgia entra para corrigir essas falhas e restabelecer a sintonia entre os hormônios do aparelho digestivo e a insulina.

Durante a operação, abrevia-se o caminho entre o estômago e o intestino. A meta é evitar que o alimento passe pelo duodeno e pelo jejuno (porção inicial do intestino delgado), jogando-o diretamente na parte final do órgão, o íleo. Ali ocorre a produção do hormônio GLP-1, o mais importante componente do grupo das incretinas, substâncias fabricadas logo após a alimentação para estimular a produção de insulina.

Descobertas recentes sobre a ação do GLP-1 aumenta a quantidade e incrementa a eficácia da insulina, retardando a passagem da comida pelo íleo. Nos diabéticos tipo 2, os níveis dessa substância são muito baixos. A cirurgia é uma das maneiras de aumentar a produção do GLP-1 e, conseqüentemente, viabilizar o controle do diabetes.

Embora a técnica de redução de estômago para o controle de diabetes tipo 2 em pacientes com IMC menor que 30 seja inédito não reduz o tamanho do estômago.

Para ser aplicado em pessoas menos gordas, o método sofreu modificações. Em vez de reduzir o tamanho do estômago, como ocorre no caso dos obesos mórbidos, os médicos encurtam o trajeto entre o órgão e o intestino. A cirurgia aumenta a produção das incretinas no organismo, o que diminui a fome.

Quando o diabetes responde mal ao tratamento clássico (remédios e insulina), com o tempo, a enfermidade descontrolada pode levar a sérias complicações. O novo método cirúrgico melhora ou, em alguns casos pesquisados, até reverte o problema, o que faz com que o paciente leve uma vida normal.

Descrição

  • Em pessoas com Obesidade Mórbida o grampeamento é utilizado para criar uma pequena bolsa na parte superior do estômago que restringe a quantidade de alimento capaz de ser consumido;
  • Uma parte do intestino delgado é desviada retardando a mistura do alimento com os sucos digestivos para evitar a absorção calórica completa.

Resultados

  • Média de 77% da perda do excesso de peso um ano após a cirurgia;
  • Os estudos mostram que após 10 a 14 anos, os pacientes mantiveram 60% da perda do excesso de peso;
  • Estudo do ano 2000 mostrou que 96% de certas co-morbidades, tais como dor nas costas, apnéia do sono, aumento de pressão sanguínea, diabetes tipo II e de pressão diminuíram ou foram curadas;
  • Em muitos casos, os pacientes relataram uma sensação precoce de saciedade combinada com uma sensação de satisfação, que reduz a vontade de comer.

Riscos

Enquanto as principais cirurgias acarretam um certo nível de risco, os riscos e as considerações a seguir são específicos para este procedimento:

  • Baixa absorção de ferro e cálcio;
  • Anemia crônica devido a deficiência de vitamina B12;
  • Ocorrência de Síndrome de Dumping quando consome-se muito açúcar ou grandes quantidades de comida;
  • Dilatação da bolsa gástrica;
  • A parte desviada do estômago, duodeno e segmentos do intestino delgado não podem ser facilmente visualizadas usando Raio X ou endoscopia.